COMO TRATAR A OBESIDADE INFANTIL - Nutricionista Andréia Carrara


A obesidade pode ser responsável direta pela geração de outras patologias como diabetes, hipertensão arterial, hipercolesterolemia (colesterol ruim alto) e cardiopatias entre outras, e ocorre devido a uma alimentação rica em produtos industrializados (balas, doces, refrigerantes, salgadinhos, etc.) e pobre em alimentos saudáveis (legumes, verduras e frutas por exemplo). O excesso de peso também pode ter origem comportamental, derivando de hábitos e atitudes da própria família que sem perceber dá exemplos inadequados à criança. O tratamento desta doença envolve a correção de rotina alimentar, horários, composição das refeições e hábitos familiares que conjuntamente com paciência, determinação e segurança resultarão em bons exemplos de educação alimentar para os pequenos.

O IBGE em parceria com o Ministério da Saúde revelou em 2010, através de dados coletados com o estudo da “Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil”, realizada entre 2008 e 2009, que uma em cada três crianças de 5 a 9 anos estava acima do peso recomendado pela OMS.



Como tratar de uma criança com sobrepeso ou obesidade?


  • Estabeleça horário para refeições e lanches, o ideal é oferecer refeições a cada 3 horas.
  • Ensine a comer devagar;
  • Não ofereça alimentos entre as refeições;
  • Diminua os líquidos durante as refeições;
  • Não recompense nem ameace a criança;
  • Tenha firmeza e equilíbrio;
  • Evite artifícios para estimular a alimentação. É comum os pais e familiares criarem artifícios, nem sempre indicados, para criança comer. Evite as seguintes situações:
    • Aviãozinho: Isto é benéfico se for por um gesto carinhoso para brincar de vez em quando. Se for um meio para a criança comer sem perceber, será necessário criar a cada dia novos mecanismos.
    • Televisão: Evite ao máximo esse hábito. Quando a criança está vendo televisão, sua capacidade de registrar a quantidade de alimentos que está ingerindo é pequena.
    • Disfarçar alimentos: Criança não gosta de ser enganada. Não adianta fazer o pepino parecer um jacaré ou o tomate parecer uma casinha de sapo. Ela deve aprender que pepino é pepino e tomate é tomate. Porém, é válido variar a maneira de preparar a comida para estimular a ingestão de alimentos pelos quais a criança não tenha tanto apreço. Por exemplo, a cenoura pode ser servida crua (ralada), cozida em palitos ou rodelas, em purê, etc.;
  • Individualize a refeição. Cada indivíduo deve ter seu utensílio e sua porção de alimentos para saborear. Fazer o mesmo prato para a criança e para a mãe almoçar, por exemplo, além de ser anti-higiênico, não permite que a criança aprenda a ter sua individualidade e saiba a quantidade de alimentos que está consumindo, por exemplo;
  • O ideal é que o horário de refeição seja um momento de reunião e descontração familiar em volta da mesa. Mesmo que não seja possível reunir todos os membros da família, devido ao dia a dia corrido de cada um.
  • Reservar utensílios (como talheres, prato, copo, toalha americana, etc.) estampados com temas infantis melhora bastante o momento da refeição.
  • Respeite as preferências alimentares. Foi comprovado que as papilas gustativas são geneticamente determinadas. Assim, se a criança recusar um mesmo alimento várias vezes, significa que este lhe desagrada e que não se deve insistir. Nesse caso, substitua este alimento por outro do mesmo grupo, por exemplo, cenoura por abóbora ou espinafre por couve.
  • Diminua pouco a pouco a quantidade de alimentos. Não é correto retirar drasticamente um alimento da refeição habitual da criança com o objetivo de perder peso. O melhor caminho é diminuir gradativamente. Por exemplo: se ela come dois pãezinhos no café da manhã, troque para um e meio e, devagar, chegue a um.

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  • Sanduíches são permitidos, desde que elaborados com alimentos pobres em gorduras. A culpa do alto valor calórico dos sanduíches geralmente não é do pão, mas sim do recheio. O ideal é que estes sanduíches sejam feitos com pães integrais e recheados com ricota, queijo fresco, embutidos de aves, tomate, alface, milho, peixe, etc.
  • Evite salsichas, lingüiças, salames, mortadelas, presuntos, batatas fritas, maionese, cremes e frituras em geral, pois são alimentos ricos em gorduras e sal, e contribuem grandemente para obesidade e hipertensão. Só a diminuição de gorduras durante o dia já auxilia consideravelmente no tratamento da obesidade.
  • Individualize as porções dos alimentos consumidos pelas crianças. É importante que a criança tenha noção da quantidade de alimentos que está consumindo. Sempre que possível, mostre a porção antes dela comer. Em vez de lhe dar um pacote inteiro de bolacha, pipoca, bala, chocolate, etc., separe uma parte. Ela terá de compreender que essa porção é suficiente e não lhe será oferecida outra.
  • Cuide do corpo e da mente da criança. O estilo de vida da criança se reflete diretamente no seu peso. Crianças menos ativas, mesmo não comendo em excesso, têm um risco maior de se tornar obesas. Daí a necessidade de estimulá-las a fazer atividades em ambientes ao ar livre, a passear a pé, ir a parques e participar dos serviços domésticos adequados a sua idade e com a supervisão de um adulto.
  • A obesidade certamente não aparece da noite para o dia e manter o peso não é tarefa das mais fáceis, principalmente para aqueles que têm propensão para engordar. É resultado de uma série de fatores e, por isso deve ser tratada simultaneamente por um conjunto de profissionais (pediatra, nutricionista, psicólogo e educador físico).

Por fim, constrangimentos e repreensões em público ou na hora das refeições são cargas difíceis de suportar por indivíduos tão imaturos, e mesmo por nós adultos. Por isso, a família não pode impor que a criança tenha um comportamento coerente em relação a esta questão. O apoio familiar é a única via para mudar os hábitos arraigados que levaram ao sobrepeso ou a obesidade.



Andréia Carrara é Nutricionista Clínica, pós graduada em nutrição esportiva e tem mais de 15 anos de experiência profissional.